viver no mundo não é fácil. ninguém pode dizer que é fácil. ninguém pode dizer que é cem por cento satisfeito com a sua vida, ninguém pode dizer que não quer absolutamente nada, ninguém pode dizer que não há o que melhorar. ninguém pode dizer que está livre da dor, da dúvida, da ocasional falta de fé, da ansiedade. existe quem sabe lidar, existe quem não sabe lidar, mas não existe nesse mundo quem não tem isso.
o mundo existe para se opor ao que nós queremos, ao que nós sabemos. o mundo existe para se opor à parte insincera da nossa imaginação, e existe para se opor aos nossos desejos. o mundo existe para nos tirar do castelinho que criamos dentro de nós mesmos para fugir das nossas feridas. o mundo existe para devastar todas as mentiras do nosso coração cheio de desejos vis capaz de usar qualquer atrocidade verbal ou mesmo física para realizá-los. se nós nos escondemos dentro do castelinho o mundo trata de enviar terremotos até que o castelo seja derrubado ou que derrube você de lá de cima. se nós mentimos compulsivamente para conseguirmos o que queremos em nosso coração o mundo crava um punhal dentro dele, e gira lentamente, e faz sangrar, e deixa você no chão enquanto ri do que está acontecendo.
o mundo não é bom mas é nele que estamos inseridos. não temos uma relação de amizade com o mundo, mas também não podemos dizer que temos uma relação de inimizade. ele representa a finitude: algo que nós começamos e agora devemos acabar, devemos alcançar a linha de chegada, devemos vencer. nós somos nossos próprios obstáculos e nós também somos obstáculos dos outros. nossos interesses entram em conflito com o interesse dos outros, nós machucamos os outros com palavras e atitudes que para nós são a coisa mais comum do mundo, nós somos feridos por palavras e atitudes que para quem está fazendo é a coisa mais comum do mundo. como medir quem está com melhor senso da realidade? talvez tenha como, mas não temos tempo. a vida não dura nem duzentos anos e a vida não é um aglomerado de conhecimentos científicos, a vida é um grande romance e a ficção não está além da realidade mas aquém.
a verdade é que a vida é muito melhor que qualquer ficção.
o nosso recorte é uma maneira de imitar Deus, quando pegamos a caneta e escrevemos uma história fantasiosa é porque é natural de nós imaginar possibilidades (que não são números, não são códigos, não são técnicas. são universos), assim como Deus nos imaginou. nós queremos dar vida. não só a outras pessoas, mas a tudo. nós queremos inventar o nosso próprio pássaro, nosso próprio peixe, nosso próprio cérebro. quando nos relacionamos com pessoas damos vida a pessoas; quando nos dedicamos a objetos, nós inventamos novos objetos; quando nos dedicamos ao céu, nós trazemos o céu para a terra. mas estamos na terra. e precisamos viver na terra até que só sobre o céu.
como viver a terra, para quem sempre acreditou no céu? como viver o céu, para quem esteve sempre submisso à terra? como vê, meu amável leitor, não importa em que posição esteja, quem você seja, como seja, o que acredite ou deixou de acreditar: a terra é um desafio para você. quem quer viver totalmente na terra é enfeitiçado pelo céu quando ele aparece e quem quer viver totalmente no céu é frustrado pelos planos da terra. céu e terra é uma dualidade. eu gosto de dualidades. eu gosto de pegar uma coisa, pegar outra coisa e fazer elas brigarem entre si. se você é um cristão tenha um amigo ateu, imite esse amigo, absorva tudo o que puder dele e então, em algum momento, confirme para si mesmo que não é um ateu e sim um cristão. ou você tem medo de se descobrir ateu também? tateie o mundo até onde Deus te deixar tatear e, quando Deus lhe disser “não é pra tocar nisso”, não toque nisso; Deus sabe o que você não pode tocar.
dualidade.
não quero falar de dualidade. não quero nem falar do mundo, existem infinitas coisas pra se falar sobre “o mundo” e eu honestamente não gosto de nenhuma delas porque sempre estou errado em algum ponto muito óbvio. eu quero falar de como sobreviver no mundo.
nos céus vermelhos sem estrelas sinto falta da tua graça.
nas minhas crises depressivas não consigo fazer nada.
mesmo que tente. mesmo que insista tanto na minha cabeça. eu descobri qual é o meu limite para muitas coisas, muitas e muitas coisas. qual é o seu? consegue pensar nas suas muitas e muitas coisas? limite não tem a ver com a sua capacidade de fazer as coisas porque Deus te criou um ser humano, não existe nada que outro ser humano não tenha feito que você não possa fazer também, o mundo está nas tuas mãos. ele é seu. faça o que quiser dentro dele, faça o que quiser com ele. limite tem a ver com o que você tem disposição de encarar para chegar até onde quer, o que está diretamente relacionado com o quanto você quer aquilo. talvez você queira, mas não tanto hoje. talvez você tenha dúvidas se realmente quer, e essas dúvidas serão o seu limite enquanto constrói a ponte entre você e o que você quer; construir essa ponte com dúvidas é aterrorizante, é uma das infinitas coisas que Jesus quis dizer na parábola da semeadura com semear na pedra, é muito difícil construir trêmulo. em especial quando vem as neblinas e, de repente, nada parece mais tão claro. de repente a distância é incerta, de repente o alvo desaparece. vem a onda e bate nas suas estruturas e você, sem firmeza, cai. se com sorte no chão, se com pouca sorte no mar.
sorte é um fator determinado por Deus. se você caiu no chão é um aviso divino para enrijecer sua alma antes de seguir em frente ou desistir. se caiu no mar é Deus te avisando que não queria você alcançando aquele alvo ou mesmo que não queria mais você construindo aquela ponte.
e eis que então me abraças com carinho e amor.
um Deus de companhia.
na ponte, Deus está contigo. no alvo, Deus está contigo. se firme, Deus está contigo. se trêmulo, Deus está contigo. no chão, Deus está contigo. no mar, Deus está contigo.
eu sei que está porque conheci o mesmo Deus em todos esses contextos. na tempestade e no vale da morte. talvez ele nem sempre tenha podido ser o pai mais gentil, porque não fui o filho mais responsável e muitas vezes o preço dessa irresponsabilidade foi um castigo necessariamente severo. mas não me entendam mal, Deus não castiga, o mundo castiga. o mundo é cruel, Deus não. o mundo tem seu conjunto de leis que não são palavras em si mas organismos quase que vivos que nos perseguem, às vezes dentro de nós, às vezes fora: isso faz muita diferença no dia-a-dia mas não entre quatro paredes, no momento onde estamos a sós. nós e todos os espíritos bons e ruins que trazemos conosco.
entre quatro paredes a alma chora e nos cobra respostas. as feridas sangram, os cobradores batem na porta gritando todas as nossas dívidas, as pessoas que nos fizeram o mal riem da nossa cara. a princípio, é nesse lugar que tu me encontras pronto pra mudar minha sorte.
visões distorcidas me tiram a esperança. tua presença me traz confiança.
e eis que então me abraças com carinho e amor.
um Deus de companhia.
pra falar a verdade, um dos meus maiores equívocos nesse tempo todo foi não falar com meu Pai sobre o que eu queria. veja, nasci e cresci acreditando que Deus era uma espécie de juiz que analisava sua conduta e a partir do resultado dessa análise ele lhe daria seus presentes de Natal ou não.
essa é uma visão horrível, assustadora, asquerosa de Deus. mas acho que todos nós que nascemos numa igreja somos sujeitados a isso. nós vivemos um mundo diferente das outras crianças, somos apresentados a um universo palpável cheio de injustiças e a um universo abstrato onde tudo funciona e é claro que optamos pelo segundo.
o que nossos pais, pastores, seja lá quem for, não conseguem avisar, é que não é para optar entre um e outro. os dois existem. e nós, como filhos de Deus, vivemos ambos. é perigoso para o mundo conviver com pessoas como nós porque saltamos do céu para terra e vice-versa com uma freqüência assustadora, como se nosso conceito de “maturidade espiritual” existisse lá fora. como se quem vive totalmente na terra não gemesse de medo da morte, soubesse mapas de alma, soubesse que as práticas que eles tanto amam estão diretamente relacionadas com suas lágrimas e seu vazio crescente.
eu vivi anos no mundo sem fazer nada de radicalmente errado. a verdade é que se você já ofereceu suas pernas para um rapaz por carência e ele rejeitou você já pecou mais moralmente que meu “eu-ateu”. eu nem mesmo bebi, eu nem mesmo fumei. eu simplesmente nasci e cresci em ambientes onde o certo e o errado eram indiscutíveis, não por uma imposição rígida de pessoas mas minhas mesmo.
EU sabia que o espírito do alcoolismo pairava sobre a minha genealogia e que ninguém é obrigado a beber então ou eu estaria bebendo por vontade própria ou por pouca resiliência à pressão do costume social de beber, e não importava a minha religião. o eu-fariseu tinha a fantasia do juiz supremo me martelando mas o eu-ateu também tinha a fantasia do escravo da genética alcoólatra. no final, que diferença fazia? e afinal, qual era mesmo o problema de beber? tudo isso é um grande “tanto faz”. eu não bebo porque meu pai teve um trabalhão para lutar contra as consequências do alcoolismo do meu avô, minha mãe a do meu outro avô. eles extirparam essa raiz da minha casa dessa forma e eu seria um ótimo “bebo socialmente” mas meu filho talvez não, meu neto talvez não. cada um lida com isso como quiser e eu lido assim.
quer saber? eu fui educado assim. a pensar que minhas atitudes jamais afetariam somente a mim mas aos meus filhos e netos. e isso sequer é pesado, o leitor que não me conhece pessoalmente pergunte a algum amigo que me conheceu se não sou um palhaço aparentemente sem pudor nenhum. uma das observações importantes a se fazer numa moça, pra mim, é se ela vai cuidar bem dos nossos filhos. não é cobrança, é ver potencial. essas coisas se vêem mesmo que a pessoa “odeie criança”. o cuidado que ela tem com seus pais, avós, consigo mesma nas áreas onde mulheres costumam se cuidar. bem, tudo isso diz muita coisa e me preocupa muito.
hoje em dia não tanto. mas calma, ainda não chegamos no dia de hoje.
entende como a minha vida é cheia de arsenais mentais pré-moldados para todas as situações? eu nunca soube como isso é assustador até me frustrar incontáveis vezes com uma realidade que jamais se submeteu a tudo isso. não sou o tipo de pessoa que vê o mundo de dentro pra fora, como um verdadeiro explorador, mas que vê de fora pra dentro tentando sufocá-lo com meus moldes.
uma das coisas que mais gosto de fazer é conversar com morador de rua para arrebentar meus moldes. é claro que, no final, os moldes acabam absorvendo essas histórias e se tornando mais fortes e inescrupulosos. só que isso é minha cruz. se me fecho completamente no meu mundo, o que é uma tentação diária porque ele é muito mais bonito que o mundo lá fora, eu morro por asfixia espiritual.
é que meu pecado no mundo foi prostituição espiritual. você acha que estou falando das coisas terrenas ou das coisas celestiais? não é tão fácil, é?
no meio dessa estrela um engenheiro, que conheço muito bem, deve ter deixado as especificações técnicas disso. procurem por lá porque não falarei de pecados aqui.
como disse lá no começo: eu via Deus como um juiz. o martelo vem de um jogo de cartas onde uma das cartas era Zeus bem barbudão com um martelo na mão.
oh, que horror a minha imaginação pagã dos dez anos de idade! por que eu não a condenava, não é mesmo? quantas figuras da sua mente realmente vieram do céu e não de coisas que você absorveu aqui mesmo? dos filmes que assistiu, dos livros que leu, jogos que jogou, músicas que ouviu e suas melodias[palavra talvez inadequada], que são muito mais fortes como símbolos que as letras (ou seu bumbum se mexe por causa da letra?), penetraram na sua alma mesmo que tenha sido via trilha sonora ou o despacito da zumba? você é mesmo tão cheio das “coisas do céu” como julga ser?
e depois não era mais um juiz. quando restaurei meu relacionamento com ele, depois que eu insisti, me destruí (ah, me pergunto por que), eu passei a ver Deus como meu melhor amigo, meu abrigo. eu contava absolutamente tudo pra ele. eu queria sumir, queria que todo mundo visse ele e não eu.
eu quis ser a melhor pessoa do mundo e sabia que começaria por dentro, não por fora. por isso tratei de polir meu coração todos os dias, de ser sincero todos os dias, e depois também aprendi que precisava ser gentil na sinceridade e tratei de cuidar disso também.
eu quis extirpar o pecado de dentro de mim sabendo que isso jamais aconteceria. quis viver num mundo onde o pecado não existia. quis viver no céu. não, não foi por maldade, foi por amor. nem todo mundo sabe o que é um Deus que me fala “vou cuidar de você” e me acompanhou tão de perto em meses que eu só queria morrer, que eu deitava na cama e não sabia quando conseguiria parar de chorar e dormir. se você é uma das pessoas que me deu seus sentimentos para cuidar e gostou do serviço eu só posso dizer que você nem imagina o que Deus fez por mim. o meu amor por Deus não foi um negócio crescente, foi um tratamento de choque, ele virou minha cabeça de um jeito que eu nunca mais vou voltar ao normal. e eu nasci na igreja, nada poderia me espantar, então o xeque-mate de Deus nessa situação foi me dar uma história de vida inexplicável.
todos os meus amigos que acham que endoidei de lá pra cá têm meu pedido de desculpa, eu endoidei mesmo. mas juro que agora consigo manter uma conversa normal de novo.
eu quis muito retribuir esse amor recebido. não, eu QUERO retribuir esse amor. não consigo mas quero, e não dou a mínima pro fato de não conseguir, pro fato de ser todo errado, porque nesse período onde eu era ainda mais errado Deus ainda ouvia tudo o que eu tinha pra falar, dizia que tudo ficaria bem e mostrava como eu tinha importância pra ele. eu me sinto eufórico só de escrever. para saber como minha mente era um caos você precisa saber o que é precisar de um exorcismo. literalmente. hoje em dia você ainda pode considerá-la um caos se quiser, eu não, eu sei o que é o verdadeiro caos mental. nunca vou esquecer.
vê como gosto de falar disso? isso não é muito correto. apaixonado pelo aspecto de amigo de Deus eu esqueci do aspecto de pai. deixando de lado o conceito de Deus sobre mim porque não queria revisitar o Deus do passado, o com o martelo na mão, e extrair o que havia de bom nele: ele recompensava o justo. por favor não entendam isso como humildade ou honestidade, isso não passa de doença. se você é o tipo de pessoa que rejeita presentes de Deus você tem uma enfermidade na alma e isso precisa ser tratado antes que se torne um vício sustentado por essa desculpa esfarrapada da humildade.
eu não queria ser recompensado por Deus, não queria ouvir quando ele falava que precisava me dar coisas, que eu não era um coitado que ele tinha tirado do lixo por dó e estava lá cuidando por não ter mais o que fazer. três anos de igreja e eu permaneci acreditando que as pessoas conversavam comigo por não ter mais o que fazer.
eu não sabia que era uma pessoa agradável, sempre me vi como uma pessoa apática até um amigo me dizer que nunca me viu triste em um ano de convivência, sempre me vi como uma pessoa tímida até ver a dificuldade que os outros tinham para evangelizar, sempre me vi como um fraco até ouvir de alguém “eu não sei como você aguenta evangelizar na rua toda segunda”.
sempre me achei incapaz de amar até executar a primeira e talvez mais importante história escrita nessa estrela cadente. eu fui sincero em tudo o que fiz, eu sofri de verdade, tentei me enganar fazendo de tudo para provar pra mim mesmo que fui um esquizofrênico mau mas… não, com resultados fáceis ou difíceis de lidar, eu amei até que Deus colocou um ponto final e disse “agora a conversa é entre eu e você, garoto”. eu amei tanto que quis dedicar essa estrela a essa história, só que haviam outras três embora eu não quisesse aceitar. sou teimoso e sozinho, não descanso em você.
a minha mente omitiu de mim que nesses anos que caminhei com Deus eu melhorei muito. mas o pior não é isso. a minha mente omitiu de mim que eu sempre fui uma pessoa gostável. ela bloqueou todas as maneiras de eu acessar e explorar minhas próprias qualidades e eu nunca tive coragem de pedir para Deus, o meu amigo, essas ferramentas.
serei um pouco estranho aqui mas é porque vi essa realidade com meus olhos, senti na parte mais íntima do meu coração. Deus quer que nós o usemos. para conseguir conquistar o que queremos, mesmo. usar Deus é uma maneira de amá-lo também. é uma forma de confiar no que ele tem pra nós, é uma forma de dependência natural: da mesma maneira que quando você mora com seus pais você não se importa em pegar o pão que eles compraram, passar a margarina que eles compraram e comer; da mesma forma que, quando você fica desempregado e precisa pagar algo importante, eles falam “eu sei que você vai voltar a trabalhar logo mas se der alguma zebra a gente banca né, fazer o que”. caso você não tenha notado você está dentro da criação de Deus, você mora com seu Pai, não existe nada que ele não possa te dar.
só consegui terminar a quarta estrela quando entendi isso e usei Deus. toda estrela cadente me ensina algo, leitor. você não vai ouvir isso da lisbeth, nem do elliot, muito menos achará isso tateando o solo da estrela-em-formato-de-coração. só de mim, henrique. você já falou comigo alguma vez? já me leu alguma vez? talvez nunca mais me leia novamente então me aproveite!
passei por tanta coisa enquanto dava vida a esse universo que cogitei qualquer coisa para o presente da quarta estrela: casa, namorada, emprego, guitarra, superpoderes (esse último é brincadeira! ao contrário das minhas criaturas eu sou bem cético, sistemático e reservado). mas o presente da quarta estrela foi uma nova aliança com Deus. onde eu permito ele me pegar no colo e me encher de elogios, onde peço vinte reais mesmo estando empregado e ele me dá quarenta.
essa aliança é importante porque, como disse lááááá no começo, vivemos na terra. usar Deus é importante porque a terra é cruel e nós precisamos de espada e escudo, não adianta achar que aqui é paz porque aqui é guerra espiritual (spoiler: quinta estrela) e isso inclusive entre amiguinhos. às vezes aquele rapaz que gosta de ler suas histórias na verdade odeia e só está querendo te usar para montar loja de camisetas temática, às vezes aquela menina boazinha é uma megera só que ela descobriu que seu dom com as palavras faz qualquer moça se sentir uma princesa e ela precisa te usar pra se sentir assim, às vezes seu suposto melhor amigo vai usar todos os seus segredinhos para se aproximar de uma menina que você gosta. eu espalhei a música em alguns lugares, quem sabe alguém vai roubá-la e falar que é sua? vai ter que roubar a terceira junto porque as duas são iguais. aliás, vai ter de roubar o disco inteiro porque é tudo uma música só.
e quer saber? nem erradas essas pessoas estão. que bom que consigo não ser assim, mas como posso julgar a trajetória dos outros? eu fui muito julgado por não saber viver bem os contextos e por ter trilhões de preocupações na mente, mas ninguém sabe como foi viver isolado de qualquer contato afetivo por anos e não sabe os abusos que sofri por isso. por não querer ser julgado decidi tentar não julgar, ou ao menos tratar meus julgamentos com benevolência já que não consigo parar de julgar de fato. minha mente é mais veloz que o Sonic.
eu é que ofereci brecha para as tentações delas. a minha ingenuidade (até em escrever esse texto, mas esse Deus pediu, ele que me blinde) pode não ser um pecado mas é um defeito e atrapalha as pessoas. a ingenuidade de alguns amigos meus com relação a pessoas como eu, com habilidades específicas da isolação que não quero nem vou descrever aqui, me atrapalham também. eu tenho vontades terríveis como qualquer outro ser humano.
é claro, claro claríssimo, que ingenuidade jamais torna alguém culpado. mas, confrontado com ela, você tem duas opções: apanhar para o resto da vida ou usar um escudo para se defender. aí vai de você se prefere usar um escudo de barro ou o escudo da fé.
e quando tiver um inimigo como a dificuldade financeira ou a aflição da alma, vai de você se sua espada é de barro ou do espírito. vai de você se prefere falar “Deus, me dá o melhor” ou fala “Deus, achei essa ofertinha aqui, se eu aceitar você tá junto comigo?”. se isso é um dilema a solução do meu dilema é que dependerei pois em ti eu consigo, eu sei…
que então me abraças com carinho e amor. de prontidão, proteges-me com santo furor. e eis que então, meu Pai, me abraças com carinho e amor.
obrigado, Pai, por ser meu Deus de companhia. muitas vezes a minha única companhia. eu te amo.