Série: a identidade / estradas do paraná ~ indústria das almas feridas

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25 de janeiro de 2017

BR-369

Não costumo lidar bem com o mês de Março. Talvez não também com o de Abril, mas definitivamente não o mês de Março. Aliás, que nomezinho vagabundo, né? Me parece uma maneira caipira de se pronunciar Márcio, exceto que ninguém aqui na roça industrializada fala assim ou eu ao menos nunca vi ninguém falar assim.

Há, que engraçado.

Deve ter em algum texto que escrevi só pra mim mesmo o dia exato da minha última tentativa de tirar minha vida, porque sou horrível com datas, mas foi ou no dia 11 ou no dia 18 de Março. Espera, me ofender me deixou querendo provar pra mim mesmo que não sou ruim com datas. Lembrei.

Dia 11 de Março de 2013, num processo que tomou meu dia todo e só falhou porque um anjo intrometido se meteu no meu caminho, cometi um atentado irreversível contra a minha própria vida. Fechei deliberadamente todas as possibilidades de ver e sentir algo de positivo na vida, de modo que me asfixiei emocional e espiritualmente, e tive certeza de que, quando a morte viesse me buscar dessa vez, eu não teria forças pra lutar.
Você sabe, né? Não adianta o quanto diga que quer morrer, ou sinta que quer morrer, existem forças conflitantes demais dentro de você pra isso acontecer de uma maneira natural. É até fofo, seu passado se une a tudo o que você ama e a todas as possibilidades de futuro para duelar contra essa sua vontade presente mesquinha de acabar com tudo.

É uma vontade egoísta não por ignorar as pessoas ao seu redor, há! isso é besteira.
Estaria mentindo se dissesse que pensar nos meus pais e nos meus irmãos nunca me influenciou a parar, mas, de verdade, isso não é suficiente. Dopar o senso de importância dos outros é fácil demais! É só se convencer que ninguém gosta de você. Como todas as pessoas que te amam já te feriram alguma vez é só sufocar as memórias boas com as ruins, esperar alguns dias e voilá o coração já se sente incomodado só de estar perto delas. Coração é muito burro, né? Como alguém confia nessa merda?
É uma vontade egoísta porque é egoísta com você mesmo. Veja bem: todos os dias em que viveu você lutou por algo, não importa se tenha sido pra convencer sua mãe a te levar no trenzinho da alegria com quatro anos, ou pra vencer seu pai numa competição de quem zera Sonic 1 do Master System mais rápido, ou pra ouvir o novo do Strokes, ou mesmo pra dormir num dia difícil. Acha que essas lutas não valeram a pena? Não importa, elas se respeitam e vão te encher o saco, vão te lembrar que precisam ser continuadas caso precisem. Não estamos falando de sentimentalismo barato, de súplicas bobas “aiiiii por favor, lembre de mim!”, estamos falando de morte e na morte todas essas coisas vêm de uma vez e te paralisam pra falar pra sua vontade de morrer “ô DESGRAÇADO, ME RESPEITA, você não tem direito de me jogar fora, amanhã não passará de uma vontade passada como eu”. Na morte passado, presente e futuro têm a mesma autoridade se você não matar o espírito, quem orquestra os elementos atemporais da sua alma, primeiro. Tirar sua própria vida exige um maquiavelismo danado. É delicado falar assim, mas duvido que tenha existido algum suicídio de sucesso que não tenha demandado algum esforço. Se existiu algum me apresentem, quero saber onde falhei.

Desculpa as piadas, deveria ser um assunto delicado pra mim.

Acontece que é. É tão delicado que não me importo mais com a superfície. É tão delicado que, para as outras pessoas, eu simplesmente não me importo mais. Não deveria, né? Já foi, já passou. Já passou também a depressão resultante do impacto de ter vivido esse dia, que foi o dia mais inesquecível da minha vida. Já passou também a dor de lembrar desse dia que, por mais inesquecível que seja, uma hora cicatrizou e agora mesmo cutucando a marquinha não dói mais, no máximo um cachorro percebe algo estranho e fica lá meio minuto lambendo até cansar. Meu cachorro fez isso uma vez. Deixei só pra ver quando ele ia parar e se haveria um motivo racional pra isso, mas começou do nada e parou do nada. Cabeça de cachorro não é pra gente entender.
Consigo brincar com isso sem um pingo de remorso ou dor. Consigo tentar contar o que aconteceu sem chorar. Só não consigo contar o que aconteceu.
Veja, de qual ponto de vista vou contar? Do ponto de vista de alguém que estava cansado de ser atormentado pelo isolamento? Do ponto de vista do religioso que tinha perdido seu chão por tempo demais? Do ponto de vista de quem perdeu uma luta contra seus próprios demônios? Do ponto de vista de quem se aliou aos próprios demônios para consumar o ódio a si mesmo? Todos eles vão render histórias diferentes, as pessoas vão acreditar que umas são reais e outras não, vão duvidar de alguns detalhes, vão se apegar a umas, vão me xingar em outras, vão se identificar com outras. O que aconteceu entre eu e a BR-369 pode render livros de psicologia, de espiritualidade, de sociologia, se eu quiser. E não me importo se as pessoas acreditam ou não, depois de ter me destruído completamente eu deixei de me importar com muita coisa.

O fato é que, por muito tempo, acreditei que ter sido derrotado no meu suicídio e ceder me faria jogar fora minha personalidade para ser reconstruído do zero. Para vencer a depressão que se escancarara após esse evento eu teria que mudar muito, teria de fazer rituais de esperança, buscar estar sempre com as pessoas porque eu sempre gostei de estar só, buscar ajuda profissional, fazer qualquer coisa que vencesse minha maneira aparentemente (e até então de fato) apática de ver a vida.
E lutei muito por isso enquanto tive forças.

Que idiotice.


Meu cinismo e minha apatia só pioraram com o tempo, mas “piorar” não é a palavra certa. Eles cresceram ao mesmo tempo em que se transformaram em algo menos negativo. Minha vida sempre passou pela BR-369. Para quem não sabe: a BR-369 faz o caminho entre Apucarana (Paraná) e Ourinhos (São Paulo), isso de acordo com o Google Maps, já que eu nunca consegui de fato ficar acordado numa viagem de ônibus entre Londrina e São Paulo e de carro sempre atravesso a divisa por Porecatu sentido Presidente Prudente, e a última vez que passei por Apucarana eu estava indo pra uma cidade com uns 5 mil habitantes dirigindo meu Celtinha (Deus o tenha) que a mais de 90km/h se tornava propaganda de sabão então não prestei atenção realmente no que aconteceu com a BR-369.

Em Londrina, a BR-369 divide o centro da cidade da Zona Norte. Há quem diga que antes da 369 é Londrina, depois da 369 é Cincão. Fico muito triste de não morar em Londrina, mas por outro lado fico feliz de morar no Cincão. Desnecessário dizer, quase todas as meninas que eu paquerei moram depois da 369. Gente de cidade grande é muito chata.
Bom, só existem três maneiras reais de sair de Londrina: pela BR-369 indo pra Ourinhos (antes, importante falar, Cornélio Procópio, e não importante falar, meu penúltimo trabalho; e depois São Paulo) ou pra Apucarana (e depois Maringá, Guaíra no Paraguai, Foz do Iguaçu, etc.; antes não tem nada importante, só meu último trabalho), pela PR-445 indo pra Curitiba (e várias outras cidades esquisitas aí) ou indo pra Sertanópolis (e eventualmente Assis em São Paulo) e pela PR-545 que simplesmente deságua na PR-445 em algum momento e costumo pegar pra ir pra Porecatu.
As outras maneiras não são conhecidas pela Grande Mídia.
Dizem que a Estrada do Limoeiro dá em algum portal pro submundo e eu nunca tive coragem de ir até o final, até porque eu só ia pro Limoeiro quando meu pai trabalhava lá. Na minha infância haviam madrugadas que eram muito melhores jogando dominó debaixo de bombas d’água e muito barulho de máquina com meu pai que dormindo em casa. Dormir é um saco, dominó é legal.

Chega de Limoeiro, voltemos à BR-369. Aposto que, nesse meu devaneio, você não deve ter aprendido nada sobre ela. Aposto que não deve ter olhado no mapa, não deve ter dado curiosidade, talvez foram os parágrafos mais inúteis que você já leu na sua vida. Pra mim não seria, mas eu não conto. Conto?

A BR-369, como disse alguns parágrafos acima, foi praticamente a rodovia dos meus dois trabalhos. Questão de uma rua paralela de distância de um, e duas de outro. Ela também foi praticamente a rodovia dos meus quatro, de cinco, anos de universidade, sendo umas duas ruas paralelas de distância também.
Significa que, durante meu primeiro trabalho, eu começava o dia passando por ela, ia do trabalho pra universidade através dela e terminava o dia nela.
Todos os meus finais de noite ali.
Quantas vezes não pensei em besteira, meu Deus do céu? Quantas vezes não fui lá e fiquei apreciando a vista, pensando no que poderia acontecer? Quantas vezes não me levei até lá e briguei, briguei feio comigo mesmo, esperando que dessas brigas saísse um impulso capaz de me fazer me jogar na frente de alguma carreta? Por quantos anos? Como eu nunca fui assaltado ali? A única coisa que realmente saiu de lá foi recusar um boquete grátis de uma puta, a história mais contada por mim na internet fora algumas outras, e também teve outra história que, se eu contar, confirmo que uma das minhas histórias não é ficção então deixo pra vocês investigarem (isso é: se é que essa história aqui não é ficção também). Minha cara de choro pós-posição fetal deveria ser bastante comovente.

A BR-369 conhece o pior de mim.

Ela acompanhou minha depressão todinha. Ela me deixou atravessá-la a pé pela primeira vez numa madrugada, no começo de tudo, sem rumo nenhum, sem saber direito o que estava acontecendo dentro de mim, para terminar sentado num banco de praça no centro da cidade ao lado de um velho triste, ouvindo Raul Seixas e me perguntando pela primeira vez “O que estou fazendo da minha vida?” e também “Por que estou ouvindo Raul Seixas? Isso nem é bom”.
Acho que foi aí, no início da depressão, que percebi que Raul Seixas é uma merda: baita velho imbecil, coisa de adolescente idiota interessado em ocultismo porque não conhece merda nenhuma de religião e acha que esse esgoto espiritual vai trazer alguma coisa; entre ouvir isso e morrer a segunda opção não parece tão ruim assim. Vai ver isso explica tudo. Brincadeira. Permaneço gostando daquele disco da Não-sei-que-das-quantas Kavernista que tinha uma música com uma mulher falando um monte de bobagem engraçada envolvendo chinelo, mas vou ser bem honesto, ouvia Raul Seixas na adolescência porque era dos poucos rocks que o pessoal da escola (mais interessado em sertanejo universitário, que na época o Brasil ainda não conhecia, era coisa mais do interior de uns quatro estados, e em Thiagão & Os Kamikaze do Gueto) conhecia e aí eu, vindo de outra escola De Antes Da BR-369 onde meus amigos gostavam de The Mothers Of Invention e Pink Floyd e eventualmente usaram LSD, poderia falar de música com meus coleguinhas. Acabo de entender quem compara Raul Seixas a Frank Zappa, vai ver eles são clones do meu eu de quatorze anos.

Então a BR-369 me viu atravessá-la repetidas vezes, ainda sem rumo, ainda de madrugada, ainda sem preparo nenhum pra reagir ou não-reagir a uma tentativa de assalto e homicídio porque eu não tinha dinheiro. Não tinha nem uma carteira. Uma vez fui parar no trabalho do meu pai a pé (não, não no Limoeiro!), aí a gente ficou conversando e ele me deu dinheiro pra tomar sorvete. Antes disso eu não gostava tanto de sorvete. Talvez tenha sido nesse dia que percebi que sorvete é, de fato, aquilo que os nerds chamam de Raison d’Être, um termo que aprenderam no Ergo Proxy, que é um desenho que honestamente eu só consigo lembrar que a mina do Evanescence era protagonista. Juro que um dia reassisto com mais de quinze anos. Meus amigos foram muito cruéis tendo dezoito anos e recomendando desenhos pra mim, que tinha quinze. Meus amigos são muito cruéis comigo num geral. Não sejam o mais novo de nenhuma turma, não entrem um ano adiantado na escola, não acreditem que vocês são maduros demais pra idade de vocês, calem a boca ao invés de pesquisar na Wikipédia todos os assuntos do mundo só pra ter o que falar nas rodinhas e se sentir “nivelado”, e jamais estudem filosofia pra tentar entender do que seus amigos mais velhos estão falando porque eles não estão usando latim ou grego pra descrever segredos milenares e sim pra descrever as melhores maneiras de se tocar uma punheta, conquistar uma mulher ou abrir uma start-up (no final das contas os três são punheta e quem namora ou é casado só está discutindo isso pra sacanear a cabeça de quem é solteiro, nada disso existe).
Voltando à BR-369: então sentei no canteiro dela pela primeira vez e aí ela pôde confirmar que havia algo de errado comigo. Eu só não era tão legal tendo algo de errado. Quando se imagina um jovem que acabou de sair da adolescência com a cabeça confusa, cheia de problemas, se imagina ele com uma garrafa de bebida numa mão e um cigarro na outra. Meio aquela capa do Arctic Monkeys, sabe? Só tinha cigarro, mas sempre lembro dela. Confesso que tinha a cabeça do Strokes na época, foi pouquíssimo tempo depois de sair o (indiscutivelmente) melhor disco deles, e também o primeiro disco deles pra minha geração de jovens. Angles. Mas até a BR-369 era mais Strokes que eu, na prática.

Não havia ninguém no indie rock que representasse alguém com um desejo tão intenso de isolação como eu. Eu não tinha conhecido o Daniel Johnston ainda embora ele já tivesse um lar no meu coração: conheci aos vinte, mas já tinha todas as suas notas com dezoito. Todas. Nunca me senti tão compreendido na, ou tão compreendendo uma, música, como quando ouvi aquela primeira fita do Daniel Johnston feita num hipotético porão com a voz horrível dele e o pianinho que, na gravação, ficou muito pior que qualquer pianinho que eu tenha composto em 2012. Mesmo a Primeira Música Que Eu Fiz Na Minha Vida tinha um piano mais “bem-gravado” que o das primeiras fitas do Daniel Johnston.
Eu apresentava as músicas dele pros meus amigos em tom de deboche, não tinha a coragem de falar que Premarital Sex é uma das músicas mais fortes que já ouvi. Meu coração era muito passivo na época, hoje sou capaz de defender qualquer coisa com sessenta e um minutos de texto. Senti um alívio inexplicável quando conheci o cover de Speeding Motorcycle do Yo La Tengo porque notei que as pessoas sabiam que Algo estava acontecendo numa música do Daniel Johnston. O Daniel Johnston e o R. Stevie Moore me fizeram me sentir menos só porque eles também estavam sós, e estavam vivos, e (às vezes) gostavam de viver, e estava tudo bem. E o Yo La Tengo me fez me sentir menos só porque, toda vez que eu sentia que ninguém entendia o que estava passando dentro de mim, eu lembrava do cover de Speeding Motorcycle e lembrava que não importava ser exatamente da forma como eu via, os outros vêem algo muito bonito em mim que talvez eu jamais consiga ver e, se isso faz bem, que continue sendo sempre assim.
O Kurt Cobain também gostava de Daniel Johnston mas, bem, nem todos venceram meus demônios. Eles são pesados, ninguém pode ficar mostrando assim como se fosse festa, só que às vezes simplesmente precisamos expulsá-los e eles precisam ir pra algum lugar. Mas às vezes estou só viajando. Quanto mais famosa é a lenda do rock mais mentiras contam sobre a sua morte e até sobre sua vida. Alguém aqui sabe o que raios foi a vida do John Lennon?

Voltando aos dezoito: quem ocupava esse espaço, então, era o Elliott Smith. Acho que o Elliott Smith ainda bebia, fumava e fazia coisas de gente que não era crente paranaense (crente paranaense não bebe, alcoolismo é o câncer padrão do paranaense e eu ainda me choco vendo crente de outros estados bebendo mas já estou acostumando com a idéia), mas tinha certeza de que nas tristezas mais profundas ele não se importava muito de encontrar qualquer espaço em qualquer lugar pra se isolar. Ele era minha inspiração também porque ele tinha conseguido se matar.
Mas vá, qualquer pessoa que passou pelo que eu passei sabe que o Elliott Smith não se matou. Eu só não sabia na época porque ainda não tinha passado pelo que passei. Hoje sei que Pitseleh não se trata de asfixia emocional.

A BR-369 via um jovem estranho que estava aprendendo a conversar com as vozes em sua cabeça. A gritar com as vozes em sua cabeça. A debater com as vozes em sua cabeça. A brigar com as vozes em sua cabeça. E ficar lá, brigando mesmo, sem fazer nada pra mudar isso. Sem mais ninguém, sem nenhum remédio, sem nenhum anestésico emocional, no máximo pegando algumas folhas de caderno pra escrever besteira.

Dirigir pela BR-369, em especial nesse trecho perto da universidade que é até meio perto da minha casa, sempre me traz uma lembrança espiritual de tudo o que aconteceu. Deveria ser como uma maldição, mas não é. Eu não me importo muito com muita coisa.


Na verdade, “eu não me importo muito com muita coisa” é a maior mentira que eu jamais me contei. Qualquer um sabe que eu me importo muito com muita coisa, eu me importo muito com tudo. Ter jogado psicoticamente comigo mesmo repetidas vezes a fim de me destruir acabou me tornando muito mais forte, e não muito mais fraco, porque me fez explorar todas as bases de sofrimento da minha própria alma e reduzi-las a simples problemas de lógica.
O que não quer dizer que eu os resolva.
Pelo contrário: isso fortaleceu minha apatia, meus sentimentos de impotência, porque entender um problema de alma te ajuda a entender o que está acontecendo mas dificilmente a resolver. Desvendar mistérios é legal quando a cura está na sua frente e você só não percebeu, ou quando o problema não é, de fato, um problema, mas quando estamos falando da cruz não há cura. Você só pensa “eu tenho esse problema porque só sei pensar assim, e afeta meus sentimentos assim, a minha criação foi dessa maneira, minha família teve essa desestruturação e blablabla” e aí vai chocando as informações até chegar no resultado e também à conclusão: é, eu sou essa pessoa horrível aqui mesmo e isso nunca vai mudar. Fim.

Há! Demônio desgraçado embriagado de soberba intelectual, sabia que você apareceria num texto como esse! Eu não sei tudo, e também não sei se sei o que sei. Eu não sei nada.
E, se você acreditou no que eu falei ou se encontrou nessa situação, pode ser que eu tenha te envenenado com o que se passa dentro da minha cabeça. Me peça ajuda depois. Prometo que te ajudo.

Agora vamos falar do que é verdadeiro.

 

 

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escrito por nubobot42 narrado por elliot