citação #7
Lesslie Newbigin - The Gospel In A Pluralist Society
Mas, em segundo lugar, como Paulo nos diz, nossa luta não é contra carne e sangue mas contra os principados e potestades do mundo invisível (Ef. 6:12). Do que estamos falando quando falamos de confrontar as instituições do estado, a economia de mercado e a cultura com o evangelho? Nós não estamos lutando contra os indivíduos que performam seus papéis nessas instituições. Nós descobrimos, quando temos uma chance de conversar intimamente com eles, que eles se sentem impotentes. Para quem vê de fora eles parecem possuir um grande poder, mas sabemos que eles estão debaixo do controle de forças maiores que as deles e que sua liberdade de mudar as coisas é muito estritamente limitada. Esses que clamam por uma tomada Cristã no mundo da política e da economia com frequência expõem um ataque no mesmo domínio do inimigo que deve ser atacado. O objetivo do ataque é tomar as alavancas do poder e obter o controle. Nós vimos muitas dessas revoluções de sucesso, e o que sabemos é que em maioria dos casos o que aconteceu foi simplesmente que o opressor e o oprimido trocaram papéis. A estrutura ficou intacta. O trono permaneceu inabalado, apenas com uma pessoa diferente ocupando-o. Como o trono pode ser abalado? Como o poder pode ser desarmado e colocado a serviço de Cristo? Apenas pelo poder do evangelho em si, anunciado em palavra e encarnado em atos. Como Walter Wink nos lembra, a vitória de uma Igreja sobre um poder demoníaco incorporado no sistema imperial Romano não foi obtida por meio da tomada de poder: foi obtida quando as vítimas se ajoelharam no Coliseu e oraram no nome de Jesus pelo Imperador. Os soldados no exército vitorioso de Cristo não estavam equipados com as armas daquela era; eles foram mártires cujos mantos foram lavados em sangue. O que aconteceu não foi que um Imperador foi descreditado e removido; o que aconteceu foi que toda a mística do Império, seu poder espiritual, foi desmascarado, desarmado, e tornado impotente. A conversão de indivíduos que falharam em identificar, desmascarar, e rejeitar esse poder espiritual, ideológico, seria tão fútil quanto uma tentativa dos Cristãos de tomar o poder dos seus mantenedores. Evangelismo politicamente e ideologicamente ingênuo, e ação social que não reconhece a necessidade de conversão de deuses falsos para o Deus vivo, ambos não conseguiram alcançar o que é necessário.
infelizmente o livro não trouxe nada sobre a imperialização do cristianismo logo após esse período, ao menos não nesse bloco. mas a reflexão foi muito importante.
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