citação #5
Lesslie Newbigin - The Gospel In A Pluralist Society
Há nos nossos tempos um crescente número de estilos particulares de desenvolvimento teológico debaixo da ampla rubrica de teologias de libertação. Há a teologia da libertação Latino-Americana, que pode ser considerada a mãe de todas elas, nascendo da experiência de extrema opressão naquele continente. Há teologia negra de várias formas surgindo da experiência dos negros. Há teologia feminista que tem como contexto a experiência da dominação masculina. Mais recentemente há a Teologia Indiana dos Dalits que já ostenta uma cadeira profissional em Madras, e que nasce da experiência das comunidades às quais Gandhi deu o nome de “Harjan” (povo de Deus) mas para a qual um nome mais antigo nos parece mais apropriado agora – o povo esmagado. Todas essas teologias tomam como seu ponto de partida a experiência da dominação e da opressão. Eles interpretam a história da Bíblia como a história de libertação da opressão. Eles vêem Jesus como alguém que se identificou com o oprimido. Para eles, portanto, contextualização verdadeira é a identificação da Igreja com o oprimido e com sua luta para encontrar libertação. O coração do discipulado Cristão é essa “luta”. A luta é, claro, algo que vai além dos limites da Igreja, e em vários casos escapa da Igreja porque a Igreja está frequentemente ao lado dos opressores e não das vítimas. Segue-se que o primeiro passo em uma teologia verdadeira é a “opção pelo pobre”. Somos ensinados que a sã teologia deve se iniciar com as aspirações do povo. Tanto a teologia quanto a eclesiologia devem ser feitas “de baixo”. A ideia de que podemos fazê-la “de cima” é a ilusão da teologia tradicional. Toda teologia, e toda interpretação bíblica, é feita a partir de uma situação histórica específica. Não é feita no céu, numa esfera acima da batalha. É feita na terra por pessoas que fazem parte da batalha, de um lado ou de outro. Maioria das teologias foram feitas do lado de dentro da estrutura. É feita pelos opressores. Nós requerimos, como é dito com frequência, uma hermenêutica de suspeição. Nós não adotamos afirmações por seu valor nominal, mesmo as afirmações das Escrituras. Nós perguntamos, Quem escreveu isso? Quais eram seus interesses? Qual posição ele estava defendendo? Não existe posição acima do conflito entre os opressores e os oprimidos; há apenas a posição de um lado ou de outro. Interpretação bíblica, e a teologia desenvolvida a partir dela, é ou parte da opressão, ou parte da luta do oprimido – sejam os oprimidos moradores das favelas Brasileiras, Dalits em Madras, negros em Harlem, ou mulheres em qualquer lugar.
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