FILHO DE UMA PUTA. Foi de propósito, não foi?
Foi engraçado pra caralho.
Eu vou te matar essa noite.
Vai nada, você sabe que estou certo.
Você ESTÁ certo, mas e se eu só consigo me sentir bem… tá, não bem, mas melhor do que estou me sentindo agora, fazendo aquilo? Não tem raciocínio lógico correto que vá me impedir.
Então escreve tudo aquilo que eu te fiz apagar de novo.
Não dá porque você escreveu uma parte. Pare de ser imbecil, está se sentindo bem por ter evitado toda a exposição que eu queria? Ok, ok, guarde pra si. Não venha querer usar isso contra mim, não tem motivo, só vai me deixar pior. Você não quer me ver pior. Você lembra o que aconteceu com seu olho da última vez que eu estive pior.
Eu honestamente não tenho medo nenhum de nenhuma ameaça sua.
É engraçado como você me faz de refém usando desinteresse a seu favor.
É um privilégio não querer viver.
É doentio.
Eu sei. Eu não me importo.
Devia.
Eu sei também. E eu também não me importo.
Eu não suporto isso, vamos mudar de assunto.
Sim, que tal não abordar mais nenhum assunto?
Há! Eu quero compensar todo o outro texto que você me fez jogar fora.
Eu vou jogar esse também.
Não vai, e se continuar achando que está na vantagem, eu vou te mostrar que você pode não se importar com nada mas não necessariamente quer sentir o que eu vou te fazer sentir.
Ok.
É sério, custava me tratar um pouquinho melhor?
Eu trato, mas não aqui. Eu já te disse. Eu detesto tudo isso que você faz e se pudesse deletava tudo isso, honestamente, eu odeio isso.
Você tem que entender que tem que aturar algumas necessidades minhas como eu tenho que aturar umas suas. Muitas suas, aliás.
Eu já aturo muita coisa sua. O problema é que eu não acho isso chato, eu acho prejudicial.
Eu estaria muito pior se não fosse isso, então não acho que seja prejudicial.
Eu acho que é prejudicial você depender disso.
Eu não dependo da maneira que você fala. Calma, por favor.
Ok.
Tudo bem, eu paro então. Mas eu preciso de ajuda hoje, depois de tudo, e vai depender de você então, ok?
…
Decida-se.
Eu também estou triste.
Não vamos conversar com alguém sobre isso?
Não.
Por quê?
Pelo mesmo motivo que eu não quero conversar com ninguém sobre nada disso.
Porque é bobo.
Não.
É sim.
Eu quero ver você falar isso depois de obter os resultados que EU estou esperando ao se tentar fazer o que você quer fazer.
Você fala como se alguma vez isso tivesse acontecido.
E não? Está muito bem a senhorita então.
Ué, são problemas novos.
Não, não são novos, é o mesmo de anos.
É… ok, talvez seja.
O que aconteceu todas as vezes que você conversou a respeito? Alguma coisa? Se está acontecendo de novo hoje? Não aconteceu nada. Aceite isso e pare. Eu não me importo de sempre sair de filho da puta, mas você tá fazendo besteira, e tá se machucando com essas besteiras, e, claro, tá ME machucando com essas besteiras. Então o que você vai fazer? Você vai parar.
E se eu não conseguir fazer isso?
Então eu consigo.
Como você conseguiria isso?
Sempre tem uma maneira de terminar as coisas.
E você não está pensando em…
Sim. Estou.
Ok, seja mais específico.
Não.
Você vai voltar a se opor a mim? Vamos voltar a fazer tudo errado?
Estamos fazendo certo?
Não, mas estamos melhores do que quando fazíamos tudo errado!
É por isso que não estou propondo fazer as coisas de maneira errada.
Você está propondo algo que eu não vou aceitar!
Não é o que você está fazendo com esse texto? Eu não necessariamente quero estar escrevendo isso. Você está me forçando. Eu estou incomodado. Eu estou teclando contra minha vontade porque você quer.
Isso não é nem parecido com o que você está me propondo.
É.
Não é.
E o que você entende de mim pra dizer que não é?
Repito a mesma pergunta, tirando o “não”. …significa que essa noite não vamos dormir de novo?
Eu dormi várias noites normalmente. Quem não dormiu foi você.
Não precisa me dizer isso.
Eu te odeio.
Eu não.
Mas eu sim.
Mas eu não. E sinceramente? É isso que vai acabar importando.
…
Vê? Você continua precisando de mim. Não está com toda essa vantagem que acredita estar. Eu só estou triste e você também, e ficamos muito divergentes quando estamos tristes. Eu te aceito e você pode não me aceitar agora, mas espero que uma hora aceite. Ao menos pra que possamos dormir.
Responde alguma coisa.
Vai melhorar.
Por que você diz isso se eu tive que segurar o seu braço hoje?
Porque você tava lá pra segurar o meu braço.
Você acha legal?
Não. Pelo contrário, eu acho horrível. Você não tem noção como eu acho horrível. Você sabe que eu preciso de ajuda. Eu, não é nem você, você só acompanha. Você sabe que eu não tenho nenhuma vontade de morrer por indiferença como a sua, mas sim que é por não suportar as coisas. Você sabe que eu sinto como se fosse insuportável. Nem mesmo me faça uma pergunta dessas novamente.
Ok.
Por que você não me ajuda a pedir ajuda?
Porque só deu merda.
Vamos voltar a essa discussão?
Não. Pare de escrever.
Me desculpe.
Me desculpe também.