gosto de pensar que não tenho nem terei um público que se importa muito com respostas como “porque star wars é um clássico”, embora “ser um clássico” seja, sim, razão suficiente para se assistir um filme. só não do meu lugar. não tendo crescido assistindo star wars, não tendo sido incentivado a assistir star wars, mesmo sendo filho de alguém que me diria “cale a boca e respeite star wars”. são os novos personagens, o desenrolar de suas personalidades que podem ou não refletir o que é o star wars, nas mãos de alguém que só viveu após o star wars? é a história, há afinal um dilema maravilhoso e saboroso sobre “a força” que deveria me despertar a curiosidade? eu vou gostar de personagens antigos que nunca fizeram a diferença pra mim?
estou sendo muito crítico? não é a intenção. mesmo porque, tendo senso crítico nulo para filmes, só sei sentar numa poltrona de cinema e babar no que estiver à disposição. provavelmente faria o mesmo com qualquer star wars.

estou fazendo algumas perguntas como alguém que quer saber: por que falam de star wars mais do que falam de qualquer outra coisa? o que há no star wars, hoje, para que queiramos falar de star wars? o que me desperta curiosidade de ver um star wars, se o próprio star wars já não é mais curioso?
qual a dificuldade de imaginar um star wars? se o espaço está aí, todo pronto, todo entregue. se às vezes uns tweets do elon musk possuem mais novidade, e hoje sabemos que a novidade está nas mãos de tecnocratas neoliberais de senso estético horrendo, que a continuidade do universo do star wars. se esse escuro cheio de pontinhos brancos pode muito bem estar acompanhado de um neil degrasse tyson dizendo “não tem pra que imaginar algo se somos insignificantes”, e está documentado em diversas fotos da NASA e documentários do discovery. se o infinito das lunetas já é um infinito mais matemático que imaginativo. se o que sobrou da diversão é um pessoal alucinado falando de terra plana, mas que infelizmente acabam por tabela sendo fascistas.

não que as estrelas nunca tivessem sido imaginadas, descritas anteriormente. elas foram. o star wars não é uma novidade literária, mas importa tanto assim a literatura? meu pai provavelmente viu o “espaço sideral” sendo explorado como um universo criativo pela primeira vez no star wars, e isso ninguém tira dele. meu pai não sabia que não tinha como metade do filme star wars acontecer na vida real por motivos como a física no espaço impedir a propagação de som, ainda que nós não entendamos nada sobre física no espaço, só saibamos que no espaço não há propagação de som porque algum engraçadão mencionou isso como trívia em algum site nerd.
o espaço era um mistério criativo. é, ainda, só não como dizia o star wars, porque o tempo passou e nós passamos a ter outros tipos de dúvidas. a dúvida cinematográfica da época do star wars foi sanada pelo próprio star wars, talvez dúvidas anteriores ao star wars tenham sido sanadas pelos filmes que antecederam o star wars (space odyssey veio antes, né? não entendo nada de cinema. só entendo da minha própria cabeça. é um texto sobre ela, caso não tenha percebido), e agora temos outras dúvidas. qual a dúvida desses novos star wars? o que eles podem me ensinar de novo sobre as estrelas, para que eu volte a escrever sobre estrelas? as dúvidas, os mistérios, causam espanto, abrem novos espaços na existência humana e qualquer um que goste dos desafios de ser humano gosta disso. eu gosto disso, eu quero isso, posso contar com algum desses novos star wars para redescobrir os limites da criatividade humana como os star wars antigos provavelmente faziam, não por serem “melhores” mas simplesmente por pertencerem a uma época mais apropriada?

ou posso assistir como assisti o the force awakens, lááááá atrás (não foi tão lá atrás, foi em 2015), que teve uns tiros, umas navinhas legais, a mesma história batida de sempre só que com alguns personagens bem carismáticos e outros nem tanto? na frente de uma tela só monstros não acham um filme legal e não choram. eu passei por tudo isso e passaria de novo.
(e depois de um tempo esqueceria até anunciarem o próximo)