até 2019, ou 2018, eu nunca tinha me importado com remixes. principalmente porque, sempre que me vinha em mente um remix, me vinha a imagem de um dj como david guetta ou dj alok mexendo discos numa música do led zeppelin e fazendo:
nhan nhan nhan nhan nhan nhan nhan nhan
nhannhannhannhannhannhannhannhan nhanhanhanhanhanhanhanhanhanhanhanhanhanhanhanha
nananananananananananananananananana
LET’S GET THIS PARTY STARTED
eu não tenho nada contra o david guetta e o dj alok.
só não tinha adentrado esse universo criado pelo “remix”. a primeira vez que isso aconteceu, se bem me recordo, foi quando um amigo meu bastante sensível me apresentou um remix de grizzly bear feito pelo lindström onde só pude ficar pensando “caramba. é outra música. e é outra música que eu gostei de ouvir e conhecer”. ouvi várias vezes o remix, bem como várias vezes o disco shields, embora não seja algo muito da minha alçada mas foi importante. muito importante.
e, após conhecer muito o earth, wind & fire, escavar tudo o que era possível, também comecei uma escavação no submundo de pessoas que fizeram remixes do earth, wind & fire. jay “sinister” sealée é uma dessas pessoas. sem nenhum disco, acho que sem sequer algum ep, ele tinha uma série de remixes e singles, com algumas pessoas diferentes, algumas vozes lindas diferentes. alguns estilos diferentes. só que, por algum motivo, tudo é muito vermelho-acinzentado. eu não quis que jay sinister tivesse feito um disco inteiro, porque não faz sentido que haja um disco de jay sinister. eu quis conhecer mais as vozes que ele me apresentou. eu quis conhecer julie mcknight, louie vega e tantos outros nomes. por um instante. um dia. uma semana. depois eu esqueci. depois eu esqueci até o som de jay sinister, só ficaram as cores. é fato que nunca tinha visto esse vermelho-acinzentado antes, até hoje continuo sem ver nada igual, não sei onde o veria novamente – talvez outro amigo meu me apresente algo parecido com a kelly lee owens, uma kelly lee owens avermelhada; é possível supor que uma kelly lee owens avermelhada teria sua semelhança com jay sinister.
não faz sentido que haja um disco de jay sinister. mas, se desse lugar estranho, que suponho que seja nova york e suponho que seja um gueto, sair, um dia, um disco inteiro do jay sinister, eu ouviria. só pra saber se, dez anos depois, ainda existe música vermelho-acinzentada.
não tinha cinza no earth, wind & fire. o remix, ainda que não tenha sido o melhor remix do mundo, transformou o nome da banda por alguns minutos. isso é incrível.